sábado, 28 de maio de 2016

Pequenos gestos

Já ouvi e li algumas vezes a seguinte pergunta: o que você faria se pudesse mudar o mundo?

Já ouvi e li respostas a respeito também. Assim como já as pensei.

Acabaria com a fome, com a desigualdade social, com o preconceito e violência contra a mulher, etc. Tantas coisas em larga escala que, num piscar de olhos, faria do mundo o lugar mais maravilhoso e fraterno de se viver.

Mas e o que temos feito para mudar realmente o mundo? Ora, o piscar de olhos mágico que citei acima não existe. Sendo assim, é preciso que tomemos consciência que passo-a-passo, de atitude em atitude, podemos causar esse efeito de mudança. Gradativamente.

Que tal começarmos com "bom dia", "como vai", "por favor", "com licença", "obrigado". Pequenas gentilezas que de tão simples parecem até tolas e dispensáveis, porém, que impactam de forma contundente quem as recebe. Experimente reparar com carinho as pessoas à sua volta. Note quando uma colega de trabalho corta o cabelo ou muda o penteado e elogie isso. À partir disto, você poderá provar com seus próprios olhos o poder de tornar o dia de alguém melhor, bem aí em suas mãos.

Ao invés de chamar o mendigo mal cheiroso de vagabundo, cumprimente-o e peça como se chama. Talvez você se surpreenda com a história por trás do odor. Ao invés de pensar que as pessoas mereçam o mal que lhes aflige, experimente desejar que coisas boas venham sobre elas.

São as pequenas atitudes que mudam o mundo diariamente. E essa mudança se efetiva - além do ambiente em que você vive - em você e seu modo de enxergar e amar a vida.

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Escolhas

A vida é simples. Não confunda simples com fácil. Ela é feita de escolhas e escolhas não são fáceis.

Por mais elementar que seja, escolher significa agarrar uma coisa e deixar outra ir. E, definitivamente, não estamos prontos à deixar nada (e quando digo nada, é nada mesmo) ir embora. Não importa se nos faça bem ou mal. Não queremos que se vá, ou pior, termos que deixar ir.

O sentimento de posse nos cega, e quando se refere à outra pessoa, a sufoca. Infelizmente a gente não percebe isso, até sofrermos os danos na pele.

Felizmente, o sol nasce todos os dias e isto nos mostra recomeço.

Sempre há tempo para a mudança e isso é uma dádiva.

quinta-feira, 19 de maio de 2016

O vazio

Corria pela rua. Feito um louco, sem rumo, procurava mas não sabia o que...

Algo lhe faltava e isso o enlouquecia. Olhava por todos os lados. Conversava com todos os que encontrava e ainda assim sua necessidade não era suprida.

Até que, beirando a exaustão, contemplou aquela imagem. Simples, pouco atraente. Muitos haviam dito para que ele não se aproximasse, pois era instrumento de dor.

Porém para ele, representou algo tão sublime que o rumou mais alguns passos em sua direção. Olhou de perto.

Uma cruz enorme, imponente e vazia. Tal visão tocou-lhe a ponto de dobrar-se, colocando joelhos em terra diante àquele monumento. Sobreveio então a presença, o encaixe perfeito ao seu vazio. Sua falta fora suprida.

Suprida por quem padeceu em cruz, porém, lá não ficou. O preço foi pago, a acusação retirada.

Através da cruz, a que diziam de dores - e de fato o é - veio também quem a sofreu e a venceu. Chegava então o sonhado alivio, não das dores desta terra mas dores vindouras. Ele chegou aos pés da cruz e o Cristo que suportou a cruz se chegou a ele.

domingo, 15 de maio de 2016

Entrelinhas

Pontos, vírgulas, pausas, reticências...
Sinais de pontuação que, além do descanso à fala, trazem consigo própria essência.
Às vezes, trata-se de um suspiro fundo para vencer o medo. Em outras ocasiões, o novo folego à continuação. Não se pode esquecer da pausa para entonar o drama da situação.
De fato em tudo isto, há beleza, clareza.
As entrelinhas dão vida ao dito. Por trás, há uma infinidade de não ditos. Atitudes, gestos, frases inteiras. Declarações tão verdadeiras a ponto de não necessitar de gramática para serem expressas. Falas de alma que voz não expressa.
Infelizmente, a necessidade de ouvir as coisas faz com que nem todo mundo saiba o que fazer do silêncio. Contudo, vale reforçar o que dizem por aí "Palavras falam, silêncios gritam".
Entrelinhas dizem tudo sem dizer nada.